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Pesquisa da USP analisa impacto da inatividade física em mulheres durante a pandemia

Os resultados mais preocupantes se referem aos exames clínicos: aumento médio de 39,8% na taxa de insulina e de 8% nos níveis de colesterol no sangue. De acordo com estudo, mulheres entre 50 e 70 anos que pararam suas atividades durante a pandemia tiveram piora na saúde.
Marcos Serra Lima/G1
Estudo feito pela Universidade de São Paulo (USP) mostra que, em um intervalo de apenas 16 semanas durante a pandemia, mulheres de 50 a 70 anos que pararam com suas atividades externas diárias apresentaram piora no estado geral de saúde.
A Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) avaliou na pesquisa os impactos da inatividade física no envelhecimento da população não infectada pelo vírus. Os resultados foram publicados na revista científica “Experimental Gerontology”.
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Ao todo, os pesquisadores acompanharam 34 mulheres cujo ritmo de atividade física já era considerado baixo e com a pandemia se agravou. As primeiras amostras foram colhidas em fevereiro de 2020, antes do começo da pandemia de Covid-19. Depois foi feito um novo levantamento em junho.
Embora os testes feitos após o período de confinamento não tenham mostrado alterações significativas no peso, IMC, percentual de gordura corporal e circunferência abdominal, houve piora no quadro geral de saúde das participantes.
Os resultados mais preocupantes se referem aos exames clínicos: aumento médio de 39,8% na taxa de insulina e de 8% nos níveis de colesterol no sangue.
A longo prazo, o aumento nos níveis de insulina pode levar ao aparecimento de diabetes, enquanto as alterações nas taxas de triglicérides podem levar ao aumento de riscos cardiovasculares.
Os exames também revelaram aumento de 9,7% de hemoglobina glicada, 1,3% de glicemia (valor considerado não significativo) e queda de 10% na porcentagem de plaquetas no sangue.
Como o estudo foi feito
Para compor o estudo, os pesquisadores compararam alterações no peso, índice de massa corporal (IMC), percentual de gordura corporal, circunferência abdominal, pressão arterial, força de preensão manual (medida com um dinamômetro, aparelho que se aperta com as mãos) e perfil alimentar no período avaliado.
As participantes também fizeram exames de sangue e uma avaliação de capacidade cardiorrespiratória após uma caminhada de seis minutos.
“Escolhemos estudar o impacto da inatividade física durante a pandemia de Covid-19 em mulheres entre 50 e 70 anos porque nessa faixa etária as doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e hipertensão são mais frequentes”, explicou Carlos Bueno Junior, professor da EEFERP na área de envelhecimento e um dos autores do artigo.
Os homens não foram avaliados na investigação por falta de participantes interessados em integrar o estudo. “Isso está relacionado a questões culturais de que mulheres tendem a procurar mais por serviços de saúde”, afirma Bueno.
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Segundo os resultados, as mulheres observadas apresentaram perda de 5,6% na força muscular e de 4,4% no condicionamento aeróbico.
Pessoa realiza teste de glicemia para medir os níveis de açúcar no sangue.
Wikimedia
“Apenas um período de16 semanas já causou efeitos estatisticamente significativos na saúde das pessoas. Imagine agora, após mais de um ano de pandemia? Não fizemos estudos, mas provavelmente os impactos negativos são ainda maiores”, afirmou Bueno.
Além de Bueno, também participaram do estudo Ellen de Freitas, professora da EEFERP-USP, e dos estudantes de mestrado João Ribeiro de Lima e Gabriela Abud.
Comprometimentos a longo prazo
Os pesquisadores colheram as últimas amostras das participantes há quase um ano. De lá para cá, a pandemia de Covid-19 só se agravou, exigindo que a quarentena fosse estendida.
Bueno não descarta a realização de uma nova pesquisa com o intuito de investigar os efeitos da inatividade física por períodos que superem os 12 meses de quarentena. Para ele, o período após a pandemia poderá revelar aumento de doenças e na procura de tratamento nos serviços de saúde.
“A pandemia irá refletir em resultados a longo prazo. Após a pandemia haverá impactos grandes em todo o sistema de saúde que podem durar anos, e não só entre os que foram infectados. Haverá aumento de doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, hipertensão e mesmo doenças mentais”, afirma Bueno.
A prática de exercício físico, defende o pesquisador, é fundamental, ainda que na pandemia. Enquanto parques e academias estão fechadas, o pesquisador recomenda que as atividades sejam feitas em casa, seguindo as indicações de profissionais que atendam on-line. No caso dos idosos, o risco de lesões é maior e necessita de acompanhamento.
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