Guias da OMS, do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Pediatria dão dicas de atividades físicas para cada faixa etária e destacam que a brincadeira é importante para o desenvolvimento da criança. Crianças brincando no Parque das Crianças, em Manaus, em 2020.
Gabriel Andrade/Semjel
Que praticar atividade física traz benefícios para a saúde, todo mundo já sabe. E a infância é justamente uma etapa-chave para que isso se torne um hábito nas demais fases da vida. Mas, afinal, por quanto tempo por dia seu filho precisa se manter ativo?
O g1 consultou as principais recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, e ouviu um especialista no tema para preparar um guia que auxilie você a montar uma rotina mais saudável para seu filho, principalmente neste período de férias.
Mas, antes de ir para as orientações para os pequenos, Ricardo Barros, que coordena o Grupo de Trabalho sobre Atividade Física da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), alerta: o exemplo tem que vir dos pais.
Nos fins de semana e durante as férias, é importante que a família tenha esse momento longe dos celulares, das telas, e que vai ser um tempo para a família. Se as crianças virem os pais fazendo isso, se partir deles a motivação de ir ao parquinho, de brincar na pracinha, vai ser muito mais fácil incentivar a criança a sair de casa e ser ativa.
Intensidade das atividades físicas
O Guia da Atividade Física para a População Brasileira, de 2021, elaborado pelo Ministério da Saúde, e as Diretrizes da OMS Para Atividade Física e Comportamento Sedentário trazem recomendações de atividades para diversos perfis e idades.
Para as crianças e os adolescentes, boa parte das atividades podem ser aquelas “disfarçadas” de brincadeiras, que são os exercícios lúdicos, recreativos.
Mas, para entender as indicações dessas atividades, é preciso, antes, entender suas intensidades.
Intensidades de esforço físico
Atividades para cada idade
Criança aprende a andar de bicicleta durante aula do projeto Bike Anjo, na UFRN, em Natal
Divulgação/Redes Sociais
1 e 2 anos: mínimo de 3 horas por dia de atividades físicas de qualquer intensidade, podendo ser distribuídas ao longo do dia. São válidas para este cálculo andar, correr, arremessar, segurar, pular, escalar, entre outras. Essas atividades ajudam a desenvolver equilíbrio, coordenação motora e consciência corporal.
3 a 5 anos: pelo menos 3 horas por dia de atividades físicas de qualquer intensidade, sendo, no mínimo, 1 hora de intensidade moderada a vigorosa ao longo do dia. Além das brincadeiras e jogos como andar de bicicleta, caminhar, correr, girar, chutar, arremessar, saltar e atravessar ou escalar objetos, as crianças podem também praticar natação, ginástica, lutas, danças e outros esportes.
6 a 17 anos: pelo menos 1 hora de atividade física por dia, de preferência moderada ou intensa. Em pelo menos 3 dias da semana, é recomendado fazer atividades de fortalecimento do músculo, como pular corda ou brincar de cabo de guerra, por exemplo. A musculação também é recomendada, desde que acompanhada por um especialista e com o uso de pesos livres para crianças a partir dos 8 anos.
Além disso, o manual de Promoção da Atividade Física na Infância e Adolescência da SBP recomenda que crianças menores de 1 ano também sejam estimuladas a serem ativas, mesmo que por curtos períodos ao longo do dia.
Isso pode ser feito com brincadeiras de segurar e puxar, se arrastar, mexer os membros e a cabeça, sempre suprevisionadas por um adulto.
E para crianças de até 2 anos de idade, a principal recomendação da entidade é não deixar os pequenos ter acesso a telas.
Benefícios da atividade física
Para o pediatra Ricardo Barros, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), os benefícios de atividades físicas realizadas por crianças e adolescentes vão além da saúde física.
O especialista explica que a atividade física ajuda no equilíbrio, na postura, coordenação motora e consciência corporal, mas também estimula o desenvolvimento de outras habilidades.
Uma criança tímida que entra para um time de futebol pode, além de ter os benefícios físicos, melhorar aspectos emocionais, sociais e de autoestima. Mas mesmo quem não tem nenhum tipo de dificuldade aparente também se beneficia.
Para Ricardo, o importante é que a criança tenha oportunidades de ficar ao ar livre e de se afastar das telas. Algo que uma ida ao parque ou uma volta de bicicleta no bairro pode ajudar.
Mas essa prática não deve ficar restrita às férias escolares, já que alunos que são ativos fisicamente tendem a ter melhor capacidade de concentração e melhor desempenho escolar.
“A criança ativa é uma criança saudável, feliz. Elas ficam melhores e se tornam adultos melhores graças a isso”, conclui o especialista.
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